Os quatro elementos "Poema Inédito"
Era ainda noite cerrada,
quando o poeta se levantou.
Urinou,
descarregou o autoclismo,
bebeu água
e, através da janela,
viu a chuva
e o rio que ela engrossava.
O vento soprava ameaçador,
O vento soprava ameaçador,
fazendo estalar o arvoredo
e a roupa esquecida nos estendais.
Abanava telhas,
águas-furtadas,
para-raios
e cataventos
o poeta colocou um tronco na lareira,
acendeu-a e acendeu nela um cigarro,
antes de ver uma reportagem na tv
quando a tempestade amainou
e ele saiu para a horta,
para sentir o cheiro da terra molhada
e ver como o barro descido da encosta
lhe melhorara a propriedade,
tapando covas que antes tinha.
O sono voltou ao poeta.
O sono voltou ao poeta.
Mas antes de adormecer de novo,
decidiu ali mesmo que o último poema
do livro que estava a acabar
se intitularia "Os quatro elementos",