
Uma só realidade em
estudo - vários pontos de vista pelos quais ela é questionada e examinada por
seres humanos, em tudo limitados.
Apesar de isso ser
verdade, existe um ponto de vista que se impõe aos demais, que é aquele que se
refere ao princípio da evolução: “O princípio fundamental da vida no Universo é
a evolução... Não há explicação lógica nem racional para a existência [individual] se a evolução não é devidamente considerada”. É por isso que esse
mesmo criminoso virá a ser, no futuro mais ou menos distante, uma grande alma,
um espírito reabilitado, altruísta e incapaz de praticar ações que a
consciência reprove.
Ninguém evolui se
não transita, faseadamente, de uma versão inferior a uma versão superior de si
mesmo, em resultado de imprescindível e bastante experiência acumulada na luta
pela vida.
Essa transição,
porém, existe latente, potenciada, em cada indivíduo desde que saiu do estado
de involução. No caso particular dos espíritos, "o anseio de progresso da
partícula em evolução, expressa a força natural de expansão dos atributos
espirituais que se encontram enclausurados no interior de cada ser, e forçam a
sua liberação, rumo à meta final, pelo processo da evolução". A Lei
Natural e Imutável da evolução impera, continuamente, na intimidade de cada
ser, como se fora um apelo longínquo a que ele tem que obedecer,
irrecusavelmente, custe o que custar.
Pelo processo
evolutivo espiritual, o indivíduo antigo que nós éramos (doentio, medroso,
ineficiente, infeliz) é substituído pelo indivíduo novo que somos obrigados a
ser (saudável, destemido, produtivo, feliz).
“O objetivo deverá
ser sempre o de desenvolver as qualidades espirituais que nos oferecerão na
marcha dos acontecimentos, vida mais agradável, maiores alegrias, faculdades
inatas ampliadas, encarnações prósperas, convivência num círculo maior de
relações afetuosas, trabalho condizente com as predileções, liberdade de
benquerer superiormente, campo de ação mais extenso e consciência do bom
aproveitamento dos frutos no labor cotidiano”. A necessidade de evoluir, comum
a todos os indivíduos, é o eco duma lei emanada de I.
Porquê? Para quê? Só
ele sabe todas as respostas exatas e seguras, para todas e quaisquer questões.
“Todos são forçados a evoluir, e dentro desse sistema hão de galgar os vários
estados de renovação…”.
“As leis naturais e
imutáveis exigem que cada ser evolua, e dão a cada um os meios para isso. Um
deles é este planeta (…) e outro meio é a dádiva do corpo físico para ele
adaptado”.
A Lei Natural e
Imutável da evolução dos indivíduos é, sem dúvida, a lei maior (Lei Principal),
pois todas as demais leis naturais encontram naquela a sua razão unificadora.
Nenhuma destas leis entra em contradição com a lei da evolução.
O ato de partida dos
indivíduos para iniciarem a sua ascensão progressiva à máxima evolução, é um
acontecimento fatal, inalterável, e o fazem em igualdade de potencialidades e
em equivalência de oportunidades de evoluir. Os atributos latentes, inatos,
próprios dos indivíduos, vão-se libertando da sua clausura quando eles
atravessam sucessivamente o reino mineral, o reino vegetal e o reino animal
inferior, até chegar ao reino hominal, e é aqui que todos se submetem,
voluntariamente, à Lei Natural e Imutável da reencarnação, para depois
continuarem a sua ascensão em planos onde a organização da vida obedece a outra
sistemática.
Quando o indivíduo
entra no processo da evolução, desconhece que ele é riquíssimo: desconhece que
possui uma parcela da substância do Todo e qual o valor infinito desse
conteúdo. É no decurso da sequência lógica do processo da evolução que ele vai
despertando para a consciência desse conteúdo e do respectivo altíssimo valor a
fim de chegar a desfrutar duma existência em total harmonia com as irrevogáveis
leis da natureza, criadas pelo Todo (I).
Ao conseguir o
máximo dessa consciência, através de indesmentíveis provas dadas, ele
juntar-se-á a outros indivíduos que também já conquistaram esse mesmo grau de
consciência provada, mas… o Todo integra e excede todas as Altas Consciências
parcelares. Não há como confundir as Altas Consciências com a Consciência
Absoluta e Total, que é exclusiva do Todo.
No livro O Futuro do
Espírito, de Lecomte du Noüy – biólogo de renome mundial, lê-se o seguinte:
“Poderemos nós
estabelecer, racionalmente, uma continuidade entre os acontecimentos sucessivos
dessa história [do universo físico]? É evidente que se nós conseguíssemos
convencer-nos dessa continuidade, poderíamos tentar compreender lhe o sentido
profundo [sua direção constante, sua norma de rumo, seu padrão de orientação];
mas, se tal não conseguir, será preciso abandonar essa esperança [de
descortinar esse sentido profundo e imutável], porque a sucessão dos
acontecimentos, na aparência independentes uns dos outros, não permitiria mais
do que a organização de um catálogo cronológico, desprovido de todo o
interesse”.

“Se aceitarmos a
ideia da evolução, importa reconhecer que, desde o começo do mundo [e, mais
geralmente, do universo físico], ela se manifestou, em média, num sentido
progressivo, sempre idêntico na sua orientação”.
As Leis Naturais e
Imutáveis impõem um sentido determinado, uma linha certa de progresso, ao
encadeamento dos fenômenos que compõem a história real dos seres, fenômenos
esses cuja independência uns dos outros é apenas ilusória. No Racionalismo
Cristão a essa linha certa de progresso real dos seres deu-se o nome de
princípio ou lei da evolução, a que estão inexoravelmente atados todos os
indivíduos do Todo (I), cujos atributos, poderes, faculdades ou capacidades
pertencem, eternamente, ao Todo, assim como eles próprios, indivíduos. “O
símbolo da evolução [dos indivíduos] é uma espiral que nasce de um ponto,
(ponto de deslocamento da partícula involuída da Fonte Original) e
desenvolve-se em curvas que se abrem, à medida que se elevam, ganhando em
altitude e latitude, até atingir a cota final.
Em face desse sistema instituído pela Grandeza Total, é que na vida, como lei, todos obedecem ao princípio inviolável da renovação constante”. A inteligência do indivíduo é o atributo que, com o seu despertar, permite-lhe, nos cenários da existência, ir captando, diferenciando, congregando e memorizando impressões e reações, na relação permanente com o meio interno e externo.
Mais tarde, no ser
humano, esse atributo posiciona-se na retaguarda do raciocínio, provendo-o dos
meios necessários ao seu desdobramento. É a inteligência que dá alcance ao
horizonte do espírito, é o instrumento capaz de clarear ou fazer brilhar a luz
na sua mente, proporcionando-lhe maior discernimento sobre a vida espiritual. A
inteligência espiritual evolui através da busca continuada de conhecimentos verdadeiros
e úteis, ou do estudo, que deve ser metódico e permanente, sem estafas
desnecessárias. “Deixando para trás o instinto animal e as reações animalizadas
negativas, a Força [partícula ou parcela do Grande Foco], já agora na qualidade
de espírito, começa a realçar os atributos da inteligência e dos numerosos
sentimentos e emoções.
Estas últimas evoluem no homem até se transformarem em virtudes próprias dos seres superiores, até que o espírito não precise mais reencarnar para atingir esse objetivo de aprendizado, desenvolvimento e purificação” (jornal A Razão, n° 2557, artigo de Caruso Samel).
O efeito material
progressivo, necessário ao desenvolvimento dos indivíduos, ou que dele resulta,
constitui a chamada evolução material, ou seja, o progresso dos meios ou
condições em que se desenrola a evolução dos indivíduos. Porém, M foi, é e será
sempre o mesmo: não evolui de nenhuma forma! Também as diversas categorias ou
estados primários de M, organizados por I para servirem ao processo evolutivo,
não evoluem, porque essa matéria necessária “já existe tal qual deve ser e é
necessária, nos seus diversos estados, envolvendo os milhares de mundos,
ligando-os, uns aos outros, ascendentemente”.
“Tanto a Natureza,
expressão máxima da Força Criadora, como a partícula dessa Força – o espírito –
são produtores de iniciativas, cada qual na sua esfera de ação”.
Na Terra, é comum
perguntar-se “por que há de haver terramotos, ciclones, tempestades, erupções,
inundações, maremotos e outros ex-abruptos dos agentes naturais [forças
operacionais de I], que, quando aplacam a sua fúria, tão solícitos amigos e
benfeitores se mostram do homem”.
“Qualquer pessoa
está sujeita às contingências da vida [em corpo físico], algumas das quais
escapam inteiramente à sua vontade, como as epidemias, as calamidades públicas,
os cataclismos geológicos”.
Tudo isso ocorre
porque a Lei Natural da Evolução da evolução é intransigente e irrevogável:
chegado o tempo próprio, tudo tem que melhorar, as condições de prosseguimento
do processo evolutivo têm que ser mudadas e adequadas aos novos desafios a
ultrapassar, pois, a evolução é interminável, além de que quem faz evoluir as
condições do planeta são os seus habitantes, para o que estão devidamente
dotados. “Se a evolução se processasse isoladamente, tendo em vista apenas o
indivíduo seria admissível deixá-lo para trás a unir-se com outros também
tardios, mas o caso é que a evolução se faz por grandes grupos, em que os mais
adiantados precisam zelar pela evolução dos mais atrasados do seu grupo, dentro
de certo limite de tolerância”.
O entendimento
espiritual da vida humana exige que o ser humano se veja a si próprio (e ao
semelhante) como um espírito, fonte real de vibrações e impulsos, inconfundível
com o corpo físico, inconfundível com o corpo fluídico, mas temporariamente
preso à matéria densa, neste mundo-escola, em busca de esclarecimento e maior
evolução, de si próprio.
O corpo físico do
ser humano é interpenetrado duma matriz etérica, produto do fluído próprio da
Terra, mas o corpo fluídico, associado ao espírito, é um campo individualizado
de energia, produzido com extratos de diferentes campos energéticos
interligados à Terra.
A evolução
individual não tem regresso, o seu sentido é um e único: o desenvolvimento
gradativo que se obtém, não é reversível.
“O princípio de
justiça funda-se nas leis evolutivas. Todos têm de enfrentar idênticas
dificuldades e chegar ao triunfo pelo próprio esforço”. Assim sendo, é um dever
espiritual, é uma obrigação originária do próprio interior do espírito, quando
em estado normal, “imprimir uma superior orientação à vida, para encurtar o
processo de sua evolução, esforçando-se por ser operoso e progressista, tendo
sempre a atenção voltada para o aprimoramento da própria personalidade”.
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Notas do autor:
(I) = Inteligência
Universal, Todo Imaterial ou Força Luminosa Universal;
(M) = Matéria
Universal
Leis Naturais e
Imutáveis - Intransigentes e irrevogáveis
Por Francisco da Cruz Évora
Escritor e estudioso da Doutrina Racionalista Cristão em Cabo Verde
Fonte: