As variadas formas, as diferentes cores, os inumeráveis perfumes existentes na natureza, são dádivas a presentear aquele que contempla, observa e ama o que à sua volta existe.” Teresa de Calcutá

Leis Naturais e Imutáveis - Intransigentes e irrevogáveis - Por Francisco da Cruz Évora

Uma realidade em si (um crime de morte, por exemplo) é na Terra estudado de diferentes pontos de vista. Do ponto de vista jurídico normativo pretende-se saber, entre outros aspectos, qual a pena que se lhe seguirá. Do ponto de vista naturalístico, questionar-se-ão a sua gênese psicológica (individual, estritamente privada), as influências exteriores (inclusive a intromissão dos espíritos do astral inferior), os seus meios físicos de execução, os resultados produzidos sobre o corpo da vítima, etc.

Uma só realidade em estudo - vários pontos de vista pelos quais ela é questionada e examinada por seres humanos, em tudo limitados.

Apesar de isso ser verdade, existe um ponto de vista que se impõe aos demais, que é aquele que se refere ao princípio da evolução: “O princípio fundamental da vida no Universo é a evolução... Não há explicação lógica nem racional para a existência [individual] se a evolução não é devidamente considerada”. É por isso que esse mesmo criminoso virá a ser, no futuro mais ou menos distante, uma grande alma, um espírito reabilitado, altruísta e incapaz de praticar ações que a consciência reprove.

Ninguém evolui se não transita, faseadamente, de uma versão inferior a uma versão superior de si mesmo, em resultado de imprescindível e bastante experiência acumulada na luta pela vida.
Essa transição, porém, existe latente, potenciada, em cada indivíduo desde que saiu do estado de involução. No caso particular dos espíritos, "o anseio de progresso da partícula em evolução, expressa a força natural de expansão dos atributos espirituais que se encontram enclausurados no interior de cada ser, e forçam a sua liberação, rumo à meta final, pelo processo da evolução". A Lei Natural e Imutável da evolução impera, continuamente, na intimidade de cada ser, como se fora um apelo longínquo a que ele tem que obedecer, irrecusavelmente, custe o que custar.

Pelo processo evolutivo espiritual, o indivíduo antigo que nós éramos (doentio, medroso, ineficiente, infeliz) é substituído pelo indivíduo novo que somos obrigados a ser (saudável, destemido, produtivo, feliz).

“O objetivo deverá ser sempre o de desenvolver as qualidades espirituais que nos oferecerão na marcha dos acontecimentos, vida mais agradável, maiores alegrias, faculdades inatas ampliadas, encarnações prósperas, convivência num círculo maior de relações afetuosas, trabalho condizente com as predileções, liberdade de benquerer superiormente, campo de ação mais extenso e consciência do bom aproveitamento dos frutos no labor cotidiano”. A necessidade de evoluir, comum a todos os indivíduos, é o eco duma lei emanada de I.

Porquê? Para quê? Só ele sabe todas as respostas exatas e seguras, para todas e quaisquer questões. “Todos são forçados a evoluir, e dentro desse sistema hão de galgar os vários estados de renovação…”.

“As leis naturais e imutáveis exigem que cada ser evolua, e dão a cada um os meios para isso. Um deles é este planeta (…) e outro meio é a dádiva do corpo físico para ele adaptado”.

A Lei Natural e Imutável da evolução dos indivíduos é, sem dúvida, a lei maior (Lei Principal), pois todas as demais leis naturais encontram naquela a sua razão unificadora. Nenhuma destas leis entra em contradição com a lei da evolução.

O ato de partida dos indivíduos para iniciarem a sua ascensão progressiva à máxima evolução, é um acontecimento fatal, inalterável, e o fazem em igualdade de potencialidades e em equivalência de oportunidades de evoluir. Os atributos latentes, inatos, próprios dos indivíduos, vão-se libertando da sua clausura quando eles atravessam sucessivamente o reino mineral, o reino vegetal e o reino animal inferior, até chegar ao reino hominal, e é aqui que todos se submetem, voluntariamente, à Lei Natural e Imutável da reencarnação, para depois continuarem a sua ascensão em planos onde a organização da vida obedece a outra sistemática.

Quando o indivíduo entra no processo da evolução, desconhece que ele é riquíssimo: desconhece que possui uma parcela da substância do Todo e qual o valor infinito desse conteúdo. É no decurso da sequência lógica do processo da evolução que ele vai despertando para a consciência desse conteúdo e do respectivo altíssimo valor a fim de chegar a desfrutar duma existência em total harmonia com as irrevogáveis leis da natureza, criadas pelo Todo (I).

Ao conseguir o máximo dessa consciência, através de indesmentíveis provas dadas, ele juntar-se-á a outros indivíduos que também já conquistaram esse mesmo grau de consciência provada, mas… o Todo integra e excede todas as Altas Consciências parcelares. Não há como confundir as Altas Consciências com a Consciência Absoluta e Total, que é exclusiva do Todo.

No livro O Futuro do Espírito, de Lecomte du Noüy – biólogo de renome mundial, lê-se o seguinte:
“Poderemos nós estabelecer, racionalmente, uma continuidade entre os acontecimentos sucessivos dessa história [do universo físico]? É evidente que se nós conseguíssemos convencer-nos dessa continuidade, poderíamos tentar compreender lhe o sentido profundo [sua direção constante, sua norma de rumo, seu padrão de orientação]; mas, se tal não conseguir, será preciso abandonar essa esperança [de descortinar esse sentido profundo e imutável], porque a sucessão dos acontecimentos, na aparência independentes uns dos outros, não permitiria mais do que a organização de um catálogo cronológico, desprovido de todo o interesse”.

Nós, humanos, “temos a impressão de que a Natureza, de olhos vendados, avança, tateando, lançando-se à direita e à esquerda, para voltar, em seguida, como se fosse guiada por suave e persistente FORÇA, por um apelo longínquo, ainda incompreensível, mas a que deve obedecer”.

“Se aceitarmos a ideia da evolução, importa reconhecer que, desde o começo do mundo [e, mais geralmente, do universo físico], ela se manifestou, em média, num sentido progressivo, sempre idêntico na sua orientação”.

As Leis Naturais e Imutáveis impõem um sentido determinado, uma linha certa de progresso, ao encadeamento dos fenômenos que compõem a história real dos seres, fenômenos esses cuja independência uns dos outros é apenas ilusória. No Racionalismo Cristão a essa linha certa de progresso real dos seres deu-se o nome de princípio ou lei da evolução, a que estão inexoravelmente atados todos os indivíduos do Todo (I), cujos atributos, poderes, faculdades ou capacidades pertencem, eternamente, ao Todo, assim como eles próprios, indivíduos. “O símbolo da evolução [dos indivíduos] é uma espiral que nasce de um ponto, (ponto de deslocamento da partícula involuída da Fonte Original) e desenvolve-se em curvas que se abrem, à medida que se elevam, ganhando em altitude e latitude, até atingir a cota final.

Em face desse sistema instituído pela Grandeza Total, é que na vida, como lei, todos obedecem ao princípio inviolável da renovação constante”. A inteligência do indivíduo é o atributo que, com o seu despertar, permite-lhe, nos cenários da existência, ir captando, diferenciando, congregando e memorizando impressões e reações, na relação permanente com o meio interno e externo.

Mais tarde, no ser humano, esse atributo posiciona-se na retaguarda do raciocínio, provendo-o dos meios necessários ao seu desdobramento. É a inteligência que dá alcance ao horizonte do espírito, é o instrumento capaz de clarear ou fazer brilhar a luz na sua mente, proporcionando-lhe maior discernimento sobre a vida espiritual. A inteligência espiritual evolui através da busca continuada de conhecimentos verdadeiros e úteis, ou do estudo, que deve ser metódico e permanente, sem estafas desnecessárias. “Deixando para trás o instinto animal e as reações animalizadas negativas, a Força [partícula ou parcela do Grande Foco], já agora na qualidade de espírito, começa a realçar os atributos da inteligência e dos numerosos sentimentos e emoções.

Estas últimas evoluem no homem até se transformarem em virtudes próprias dos seres superiores, até que o espírito não precise mais reencarnar para atingir esse objetivo de aprendizado, desenvolvimento e purificação” (jornal A Razão, n° 2557, artigo de Caruso Samel).

O efeito material progressivo, necessário ao desenvolvimento dos indivíduos, ou que dele resulta, constitui a chamada evolução material, ou seja, o progresso dos meios ou condições em que se desenrola a evolução dos indivíduos. Porém, M foi, é e será sempre o mesmo: não evolui de nenhuma forma! Também as diversas categorias ou estados primários de M, organizados por I para servirem ao processo evolutivo, não evoluem, porque essa matéria necessária “já existe tal qual deve ser e é necessária, nos seus diversos estados, envolvendo os milhares de mundos, ligando-os, uns aos outros, ascendentemente”.

“Tanto a Natureza, expressão máxima da Força Criadora, como a partícula dessa Força – o espírito – são produtores de iniciativas, cada qual na sua esfera de ação”.

Na Terra, é comum perguntar-se “por que há de haver terramotos, ciclones, tempestades, erupções, inundações, maremotos e outros ex-abruptos dos agentes naturais [forças operacionais de I], que, quando aplacam a sua fúria, tão solícitos amigos e benfeitores se mostram do homem”.

“Qualquer pessoa está sujeita às contingências da vida [em corpo físico], algumas das quais escapam inteiramente à sua vontade, como as epidemias, as calamidades públicas, os cataclismos geológicos”.

Tudo isso ocorre porque a Lei Natural da Evolução da evolução é intransigente e irrevogável: chegado o tempo próprio, tudo tem que melhorar, as condições de prosseguimento do processo evolutivo têm que ser mudadas e adequadas aos novos desafios a ultrapassar, pois, a evolução é interminável, além de que quem faz evoluir as condições do planeta são os seus habitantes, para o que estão devidamente dotados. “Se a evolução se processasse isoladamente, tendo em vista apenas o indivíduo seria admissível deixá-lo para trás a unir-se com outros também tardios, mas o caso é que a evolução se faz por grandes grupos, em que os mais adiantados precisam zelar pela evolução dos mais atrasados do seu grupo, dentro de certo limite de tolerância”.

O entendimento espiritual da vida humana exige que o ser humano se veja a si próprio (e ao semelhante) como um espírito, fonte real de vibrações e impulsos, inconfundível com o corpo físico, inconfundível com o corpo fluídico, mas temporariamente preso à matéria densa, neste mundo-escola, em busca de esclarecimento e maior evolução, de si próprio.

O corpo físico do ser humano é interpenetrado duma matriz etérica, produto do fluído próprio da Terra, mas o corpo fluídico, associado ao espírito, é um campo individualizado de energia, produzido com extratos de diferentes campos energéticos interligados à Terra.

A evolução individual não tem regresso, o seu sentido é um e único: o desenvolvimento gradativo que se obtém, não é reversível.

“O princípio de justiça funda-se nas leis evolutivas. Todos têm de enfrentar idênticas dificuldades e chegar ao triunfo pelo próprio esforço”. Assim sendo, é um dever espiritual, é uma obrigação originária do próprio interior do espírito, quando em estado normal, “imprimir uma superior orientação à vida, para encurtar o processo de sua evolução, esforçando-se por ser operoso e progressista, tendo sempre a atenção voltada para o aprimoramento da própria personalidade”.

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Aplicar a grande norma de fazer força por evoluir espiritualmente, sem perda de tempo, andando pelo caminho da espiritualidade, é um bem; contrariar essa norma, é com certeza um mal.

Notas do autor:
(I) = Inteligência Universal, Todo Imaterial ou Força Luminosa Universal;

(M) = Matéria Universal

Leis Naturais e Imutáveis - Intransigentes e irrevogáveis
Por Francisco da Cruz Évora
Escritor e estudioso da Doutrina Racionalista Cristão em Cabo Verde
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